terça-feira, 24 de outubro de 2017

Os Católicos Apenas Pedem que os Santos Orem com Eles?


Quando afirmamos que a prática de orar aos santos é idólatra, os católicos rebatem argumentando que estão apenas pedindo que os santos orem com eles. Da mesma forma que um evangélico pede aos irmãos de Igreja que orem por ele, o católico pede ao santo que já está no céu. Obviamente, essa analogia tem mais buracos do que um queijo suíço. A morte é uma barreira real. Portanto, eu não preciso orar ao meu irmão de Igreja para que ele interceda por mim, já o católico ora ao santo. Um crente não é capaz de ouvir milhões de orações feitas simultaneamente em vários lugares do mundo, já o santo teria esse poder. Meu irmão ora a Deus tendo Cristo como mediador, já o católico ora ao santo substituindo a mediação exclusiva de Cristo. Além de todos esses problemas, os católicos fazem algo muito além do que dizem. Eles não apenas oram aos santos, mas de fato atribuem a eles poderes exclusivos de Deus. Vejamos algumas orações: 

Maria, passa na frente e vai abrindo estradas, portas e portões, abrindo casas e corações. A Mãe indo à frente, os filhos estão protegidos e seguem teus passos. Ela leva todos os filhos sob sua proteção. Maria, passa na frente e resolve aquilo que somos incapazes de resolver. Mãe, cuida de tudo que não está ao nosso alcance. Tu tens poderes para isso. Vai Mãe, vai acalmando, serenando e amansando os corações, vai acabando com o ódio, os rancores, mágoas e maldições. Maria, vai terminando com as dificuldades, tristezas e tentações, vai tirando seus filhos das perdições. Maria, passa na frente e cuida de todos os detalhes, cuida, ajuda e protege a todos os seus filhos. Maria Tu és a Mãe também porteira. Vai abrindo o coração das pessoas e as portas nos caminhos. Maria, eu te peço, passa na frente e vai conduzindo, levando, ajudando e curando os filhos que precisam de Ti. (Fonte)

Reparem no conteúdo dessa popular oração. Maria abre caminhos, protege, resolve problemas que não podemos resolver, cuida de todos os detalhes. Leva, levanta, cura, ajuda. É algo substancialmente diferente de “Maria, peça a Deus um emprego para mim”. Deus sequer é mencionado nessa oração. A Maria do romanismo é onisciente (ouve milhões de orações simultâneas advindas de várias regiões diferentes) e beira a onipotência possuindo poderes de fazer inveja ao Anjo Miguel. Eu pessoalmente já vi vários testemunhos católicos em que o devoto, ao se encontrar em perigo, clamou “Maria passa na frente” e supostamente teria sido salvo de assaltos, acidentes e tragédias. Essas pessoas não acreditavam que Maria orou a Deus naquele momento e o Senhor os livrou. Eles acreditavam que Maria interferiu nas coisas terrenas de forma poderosa e direta. Vejamos a próxima oração:

Encantados pelo esplendor de sua beleza celestial e impulsionados pelas ansiedades do mundo, nos lançamos em teus braços. Oh Mãe Imaculada de Jesus e nossa Mãe, Maria, confiantes de encontrar em seu coração amoroso o apaziguamento de nossos ardentes desejos e um porto seguro para as tempestades que nos envolvem de todos os lados. Embora degradados por nossas faltas e subjugados por infinitas misérias, admiramos e louvamos a riqueza sem igual de dons sublimes com os quais Deus te encheu, acima de todas as outras criaturas, desde o primeiro momento da sua concepção até o dia em que, após sua assunção no céu, Ele coroou você, Rainha do Universo (...) (Prayer Source: Prayer Book, The by Reverend John P. O'Connell, M.A., S.T.D. and Jex Martin, M.A., The Catholic Press, Inc., Chicago, Illinois, 1954)

Isso é muito além de pedir a outro cristão que ore por você. Alguém direcionaria tais palavras a um irmão de fé? Vejamos uma oração que os ortodoxos fazem a Maria:

Ó Senhora Toda Santa Theotokos, luz da minha alma escurecida, minha esperança, meu abrigo, meu refúgio, minha consolação e minha alegria. Agradeço-te que me considerou digno, embora indigno, de ser participante do corpo imaculado e sangue precioso de seu Filho. Mas você, que dá origem à verdadeira Luz, ilumina os olhos mentais do meu coração; Ó tu, que guardaste a fonte da imortalidade, vivifica-me, pois morri em pecado. Mãe amorosa do Deus misericordioso, transmita misericórdia para mim e conceda-me humildade, contrição de coração, mansidão em meus pensamentos e libertação da escravidão das minhas inúmeras imaginações. Considere-me digno até o meu último suspiro de receber sem condenação a santificação dos mistérios imaculados para a cura da alma e do corpo. Conceda-me lágrimas de arrependimento e confissão, para que eu possa te cantar e glorificar-te todos os dias da minha vida. Por todos os séculos seja bendita e glorificada. (A Pocket Prayer Book for Orthodox Christians, according to the use of the Antiochian Orthodox Christian Archdiocese of North America, Copyright 1956, 12th printing: 1999)

Nesta única oração, Maria exerce funções exclusivas de Jesus e do Espírito Santo. Há milhares de exemplos por aí. As orações aos santos são carregadas de expressões idólatras a afirmações que concedem aos falecidos poderes que nem os anjos possuiriam.

Uma prática condenada pela Escritura

Primeiramente, a Escritura contém centenas de orações e registra mais de 1500 anos de história do povo de Deus. Portanto, a ausência de qualquer ensinamento no sentido de orar a crentes falecidos é fatal para os que advogam a legitimidade dessa doutrina. No entanto, não é apenas ausente, mas é também condenada nas seguintes passagens:

Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; Nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas abominações o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti.

Orar aos santos é um tipo de consulta aos mortos, logo é reprovável. A tradução católica da Bíblia Ave Maria traz:

Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem quem se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, ao feiticismo, à magia, ao espiritismo, à adivinhação ou â invocação dos mortos (...)

Você pode ver aqui diferentes versões da bíblica católica que trazem invocar, interrogar ou consultar os  mortos no texto. Os apologistas católicos costumam responder dizendo que apenas a prática de evocar as almas de falecidos seria reprovável, já a invocação não. Segundo eles, evocar seria trazer a presença na terra da alma do falecido na tentativa de obter conhecimentos ocultos (predição do futuro, informações sobre o “outro mundo”) e invocar seria apenas pedir ao falecido. O problema é que o texto bíblico não faz esse tipo de distinção. É uma condenação genérica. Não importa o objetivo nem o meio, a comunicação com os mortos é proibida pela Escritura. Importa observar que o versículo também menciona consulta a espíritos adivinhadores, mágicos, feiticeiros. Essas são categorias mais restritas. É pecado consultar a um espírito para saber o futuro. Se o texto parasse aí, o argumento católico teria algum mérito. No entanto, ele traz então a categoria mais abrangente “consulta aos mortos”. O texto hebraico é ainda mais claro. A palavra hebraica é “darash”. A concordância do Strong traz as seguintes definições: procurar, recorrer (aqui).

Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos?
(Isaías 8:19)

É a mesma palavra hebraica “darash” (aqui). O versículo está afirmando que ao invés de recorrer aos mortos, o povo deveria recorrer a Deus. A objeção óbvia é que neste caso o trecho “Porventura não consultará o povo a seu Deus?” é em reação àqueles que consultam espíritos familiares e adivinhos, logo a invocação dos falecidos não estaria em causa. Ocorre que a resposta traz a vista não apenas a condenação a esses pecados em específico, mas uma condenação genérica da qual espíritos familiares e adivinhos fazem parte – recorrer aos mortos. O exemplo é específico, mas a condenação é genérica. Consultar médiuns e adivinhos é reprovável porque são um tipo de consulta aos mortos. Médiuns e adivinhos são apenas meios ou instrumentos. Os meios em si são moralmente neutros, mas aquilo que eles viabilizam é condenável. Quando a Escritura diz que matar é pecado, obviamente pouco importa se alguém usa uma faca, arma ou tesoura. Independente do meio/instrumento, o ato em si é pecado.

A Escritura ainda traz o exemplo prático de alguém que tentou consultar um morto – A visita de Saul a médium para se comunicar com Samuel (1 Samuel 28). Essa passagem é interessante por um motivo – Saul precisou buscar uma médium para se comunicar com Samuel. Ele não acreditava que bastava direcionar seus pensamentos interiores a Samuel e assim seria ouvido. Era necessário um meio (a médium) para que Samuel o ouvisse. A implicação é que ele desconhecia a possibilidade de invocar o santo. A ideia de que pessoas falecidas no céu poderiam ouvir os homens na terra através de uma simples oração não era mantida por Saul.

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